Dinâmicas de Desigualdade no Sistema de Ensino Superior Português: Acesso, Género e Mobilidade

O projeto Dinâmicas de Desigualdade no Sistema de Ensino Superior Português: Acesso, Género e Mobilidade explora diversas dimensões dessas desigualdades. Uma primeira dimensão de desigualdade está relacionada com a estratificação institucional. Já não se trata apenas de ter acessoa um diploma, mas sim do tipo de diploma, instituição, região ou área de estudo escolhida. Isto torna-se crucial, pois as perspetivas de empregoe os níveis de rendimento futuro variam significativamente dependendo destas escolhas. A possibilidade do ensino superior estar a perpetuar as desigualdades socioeconómicas existentes também constitui fonte de preocupação.Perante a forte concorrência por determinados cursos, as famílias portuguesas têm tentado várias estratégias para aumentar as chances dos seus filhos serem bem sucedidos na sua colocação. Uma estratégia comum é a alocação de recursos materiais e financeiros à educação dos seus filhos, o que coloca os candidatos de contextos socioeconómicos mais elevados numa posição vantajosa. As desigualdades de género são uma questão incontornável em qualquer reflexão sobre o ensino superior. Alguns avanços têm sido feitos em relação à participação e qualificação das mulheres, mas é necessário reconhecer a persistência de desigualdades, em especial nas áreas deestudo escolhidas. Em algumas áreas específicas, nomeadamente em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (CTEM), as mulheres continuam sub-representadas. Isto pode, em parte, justificar a diferença salarial entre homens e mulheres, uma vez que as mulheres têm menor acesso a empregos bem remunerados. O número de anos de escolaridade constitui outra fonte de desigualdade que deve ser considerada. Os empregadores parecem valorizar mais diplomas de mestrado do que de licenciatura, o que significa que os estudantes que podem suportar os custos de um curso de mestrado têm uma vantagem no mercado de trabalho.